Para progredir é preciso estudar
Sempre torço para os times que estão
mais perto das minhas origens. Seguindo esse princípio, eu iria torcer para a
Argentina e não para a Alemanha na final da Copa do Mundo. Porém, quando eu
soube que os alemães pesquisaram muito, investiram na qualidade, foram
perseverantes na busca por excelência e acreditaram que com trabalho seriam
melhores, eu quebrei meus princípios. Valorizo quem estuda para buscar recursos
que podem transformar a vida das pessoas que a cercam.
Quando descobri que os técnicos dos
times da Alemanha fazem capacitação com especialistas, pensei na situação dos
professores brasileiros. Nós carecemos de treinamentos! Há muitos profissionais
dispostos a dedicar parte do seu tempo buscando aperfeiçoamento, mas para isso,
precisam do apoio das pessoas que tem o poder de executar isso.
Nos dias 22, 23 e 24 de julho estive em
Florianópolis com minhas colegas Diana Morona e Maria Albertina Guizzo
participando de um curso promovido pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada
– IMPA - em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Também
fizeram parte do nosso grupo duas professoras de Criciúma: Simone da Silva
Pereira e Dulcelena Vitoriano.
O Curso de Aperfeiçoamento para
Professores de Matemática do Ensino Médio, coordenado pelos professores
doutores Márcio Rodolfo Fernandes e Mário César Zambaldi, existe desde 1991:
lamentamos chegar 23 anos atrasadas! Foram três dias inesquecíveis para nós:
assistimos palestras gravadas com os matemáticos de renome, descobrimos
conceitos novos, resolvemos diversas listas de exercícios, discutimos as soluções
e realizamos uma prova que gerou muita polêmica e aprendizagem.
Alguns comentários vão ficar em minha memória:
- É isso que precisamos nas
capacitações.
- Como estou precisando estudar mais!
- Como foi que você resolveu essa
questão?
- Então, vai no quadro e mostra o
procedimento que você usou.
- É importante que nossa mente seja
forçada, precisamos ver que existe algo além.
- Todos os professores de matemática
deveriam participar desses cursos.
- É a primeira vez que participo de um
curso e que os participantes saem depois do horário.
- Gastei quase todas as folhas do meu
bloco de anotações.
- Antigamente a geometria era deixada no
final do livro para dar tempo de não dar tempo de dar o conteúdo. (Professor Eduardo Wagner)
- Você tem que decidir se quer assistir
a palestra ou ficar no celular. Esse é o mal do mundo moderno: o mundo não vive
sem nós nenhum segundo, é o que me parece. (Professor
Luciano)
- Na minha casa é pecado capital rasgar
um livro. (Professor Ledo)
- Vetor é aquilo que transporta. O
mosquito é o vetor da dengue...
- O excesso de contextualização está
prejudicando o ensino da matemática.
- As Secretarias de Educação deveriam
oferecer essas oportunidades aos seus educadores.
Depois da prova era a hora de voltar
para casa. Imaginem cinco professoras de matemática, num carro andando no ritmo
do trânsito da capital, discutindo as respostas de questões relativamente
complexas, sem usar lápis e papel! De vez em quando a gente desistia de tentar
descobrir quem estava com a resposta certa. Então, observávamos um pouco a
chuva e o congestionamento. De repente, alguém recomeçava:
- Vocês colocaram o zero...
- A resposta da primeira era que reduziu
quatro por cento?
- Como é que vocês concluíram que os múltiplos
eram o 180 e o 450? O 180 eu até concordo, mas...
- Aquela questão de geometria, eu já vi
que não ia resolver porque percebi que precisa conhecer alguma propriedade dos triângulos.
- Eu comecei uma questão escrevendo
assim: “Vou brincar para encontrar o caminho das flores!”
- Agora eu sei o que é uma seviana. Já
tinha estudado bissetriz, mediatriz e mediana, mas seviana é novidade.
- Eu nunca vou esquecer que o produto de
dois números é igual ao produto do m.d.c. pelo m.m.c. desses números.
E agora, sobre a minha mesa está o livro
“Temas e problemas elementares” que me convida para um conversa prolongada e profunda.
Não sei quando poderei dar atenção a ele porque a realidade do dia a dia me
chama!
O que tem Alemanha a ver com isso tudo?
Será que preciso dizer mesmo? Não, é uma resposta lógica!
Enfim, queremos agradecer a Secretaria
de Educação de Cocal do Sul por nos ter dado a chance de evoluir um pouco mais,
por nos ajudar a abrir nossas mentes para novas possibilidades e por nos
incentivar a melhorar nossa prática pedagógica. Sabemos que apenas com nossa
boa vontade não estaríamos fazendo mais um curso.
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