Pesquisa realizada pelos alunos do 8º Ano |
Fiquei na dúvida se é prudente
expressar publicamente estas informações e os meus sentimentos em relação a uma
avaliação diagnóstica que realizei com alunos de 9º Ano. Posso causar
polêmicas, seguidores nos desabafos ou até um mal estar! Mas, aprendi que
muitas vezes, não expomos nossas opiniões e nem expressamos nossas dores porque
temos medo de assumir responsabilidades. Podem me dizer que eu poderia fazer isso
apenas no meu círculo de trabalho. Eu sei! Mas, quero falar aqui também. Não quero
apenas lamentar resultados, mas compartilhar o que estou tentando fazer para
buscar uma luz que ilumine o ensino da matemática. Às vezes, temos que mexer em
nossas feridas. Não estou pensando em salvar a humanidade que me cerca, nem
buscando culpados. Quero apenas dizer que este fracasso é um exagero e que não posso
apenas ser cúmplice da história que continua.
É comum ouvirmos que a Educação
do nosso país está ruim, que nossos alunos não sabem nem a tabuada e que
interpretação de problemas é uma lástima. Enquanto isto, nossos documentos
apresentam objetivos de aprendizagem que não parecem ser difíceis de garantir.
Os manuais do professor dos livros didáticos insistem em preconizar o valor de
trabalhar resolução de problemas e a importância de desenvolver a autonomia dos
alunos. Mesmo assim, nossos currículos apresentam o triplo de conteúdos de
matemática que são cobrados em países com educação de qualidade. Isso nos
confunde muito no sentido do que priorizar: a quantidade ou a qualidade.
Que números concretos estão me perturbando?
Fiz a avaliação diagnóstica com 36
alunos do 9º Ano e os resultados foram estes:
- Apenas 3 alunos acertaram o valor de 25% de 868 reais. Ou seja,
eles não sabem que 25% é a metade da
metade! Notem que perguntei de um número simples.
- Apenas 11 alunos dividiram corretamente 1465 por 7! Não venham me
dizer que eles não precisam calcular esse valor no papel porque hoje tem acesso
às calculadoras. Não estamos tratando de números mirabolantes, estamos falando de
dignidade intelectual.
E aí, professora! Vai fazer o
quê?
Reunir os alunos em círculo para
uma conversa franca? Adianta? Não muito! Mas, eles precisam ouvir que estes
resultados não são aceitáveis.
Ele não tem idade e maturidade
para compreender? Alguns já podem escolher o Presidente da República deste país
ou estão presentes a conquistar este direito.
“Vai entrar num ouvido e sair
pelo outro!” Dá maioria, acho que sim. Mas, tem uma minoria...
Chamar os pais? Como explicar
para eles que seus filhos não sabem nem o que eles sabiam quando estavam na 4ª série?
E, como deixar claro que o compromisso é de todos?
E aí, professora! Vai fazer o
quê?
Buscar iluminação para ter
sabedoria nas palavras, nos pensamentos, nas ações e nas metodologias.
Não deixar de acreditar que é possível
mudar o rumo de muitas vidas quando se tem fé unida à ação!
Lancei um desafio para uma das
minhas turmas: calcular a medida do lado do quadrado que tem a mesma área da
folha A4 cujas dimensões são iguais a 21 cm e 29,7 cm. Uma aluna confeccionou um
cubo de aresta igual a 31 cm e um menino fez um paralelepípedo com base
quadrada! Ambos não acharam a solução correta, mas suas tentativas foram além
do que eu podia esperar e é graças a eles que acredito que vale a pena
insistir.
Uma das causas destes problemas são
as lacunas que ficaram na vida escolar destes alunos. Como resolver? Descobri que
168 dos 191 dos meus alunos que participaram de uma pesquisa, realizada pelo 8º
ano, tem acesso à internet fora da
escola. Quem sabe a tecnologia pode ajudar? Por isso, estou incentivando os
alunos a entrarem no site da Khan Academy ou a assistirem a uma lista de vídeos
selecionados por conteúdos. Se esta é uma boa idéia, ainda não sei... Mas, é a
vontade de encontrar caminhos que possam levar até as flores, enquanto eu mesma
tento superar as minhas limitações!
No início de 2017, o Renan Medeiros (que
foi meu aluno quando nem pensava em ter barba e eu nem imaginava que um dia ele seria o repórter da editoria política do jornal A Tribuna) enviou uma mensagem contando que
estava viciado nos exercícios da Khan Academy e tentando passar em todas as “skills”
(habilidades) de matemática.
No final de 2014 eu havia explorado um pouco a plataforma e apesar dela não ser um mundo encantado, percebi que poderia ser usada como uma ferramenta de aprendizagem matemática. Estive fora da sala de aula em 2015 e 2016.
O recado do Renan foi um incentivo para que eu buscasse descobrir um meio de ajudar meus alunos a superaram suas lacunas. É isso que estou tentando fazer no momento e ainda não sei quais serão os resultados.
No final de 2014 eu havia explorado um pouco a plataforma e apesar dela não ser um mundo encantado, percebi que poderia ser usada como uma ferramenta de aprendizagem matemática. Estive fora da sala de aula em 2015 e 2016.
O recado do Renan foi um incentivo para que eu buscasse descobrir um meio de ajudar meus alunos a superaram suas lacunas. É isso que estou tentando fazer no momento e ainda não sei quais serão os resultados.
Neste link, tem um esboço da forma como estou organizando a orientação para os alunos que querem aprender mais com os vídeos da Khan Academy.
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