terça-feira, 29 de julho de 2014

Curso de Aperfeiçoamento para Professores de Matemática do Ensino Médio



 Para progredir é preciso estudar
Sempre torço para os times que estão mais perto das minhas origens. Seguindo esse princípio, eu iria torcer para a Argentina e não para a Alemanha na final da Copa do Mundo. Porém, quando eu soube que os alemães pesquisaram muito, investiram na qualidade, foram perseverantes na busca por excelência e acreditaram que com trabalho seriam melhores, eu quebrei meus princípios. Valorizo quem estuda para buscar recursos que podem transformar a vida das pessoas que a cercam.
Quando descobri que os técnicos dos times da Alemanha fazem capacitação com especialistas, pensei na situação dos professores brasileiros. Nós carecemos de treinamentos! Há muitos profissionais dispostos a dedicar parte do seu tempo buscando aperfeiçoamento, mas para isso, precisam do apoio das pessoas que tem o poder de executar isso.
Nos dias 22, 23 e 24 de julho estive em Florianópolis com minhas colegas Diana Morona e Maria Albertina Guizzo participando de um curso promovido pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada – IMPA - em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Também fizeram parte do nosso grupo duas professoras de Criciúma: Simone da Silva Pereira e Dulcelena Vitoriano.
O Curso de Aperfeiçoamento para Professores de Matemática do Ensino Médio, coordenado pelos professores doutores Márcio Rodolfo Fernandes e Mário César Zambaldi, existe desde 1991: lamentamos chegar 23 anos atrasadas! Foram três dias inesquecíveis para nós: assistimos palestras gravadas com os matemáticos de renome, descobrimos conceitos novos, resolvemos diversas listas de exercícios, discutimos as soluções e realizamos uma prova que gerou muita polêmica e aprendizagem.
Alguns comentários vão ficar em minha memória:
- É isso que precisamos nas capacitações.
- Como estou precisando estudar mais!
- Como foi que você resolveu essa questão?
- Então, vai no quadro e mostra o procedimento que você usou.
- É importante que nossa mente seja forçada, precisamos ver que existe algo além.
- Todos os professores de matemática deveriam participar desses cursos.
- É a primeira vez que participo de um curso e que os participantes saem depois do horário.
- Gastei quase todas as folhas do meu bloco de anotações.
- Antigamente a geometria era deixada no final do livro para dar tempo de não dar tempo de dar o conteúdo. (Professor Eduardo Wagner)
- Você tem que decidir se quer assistir a palestra ou ficar no celular. Esse é o mal do mundo moderno: o mundo não vive sem nós nenhum segundo, é o que me parece. (Professor Luciano)
- Na minha casa é pecado capital rasgar um livro. (Professor Ledo)
- Vetor é aquilo que transporta. O mosquito é o vetor da dengue...
- O excesso de contextualização está prejudicando o ensino da matemática.
- As Secretarias de Educação deveriam oferecer essas oportunidades aos seus educadores.
Depois da prova era a hora de voltar para casa. Imaginem cinco professoras de matemática, num carro andando no ritmo do trânsito da capital, discutindo as respostas de questões relativamente complexas, sem usar lápis e papel! De vez em quando a gente desistia de tentar descobrir quem estava com a resposta certa. Então, observávamos um pouco a chuva e o congestionamento. De repente, alguém recomeçava:
- Vocês colocaram o zero...
- A resposta da primeira era que reduziu quatro por cento?
- Como é que vocês concluíram que os múltiplos eram o 180 e o 450? O 180 eu até concordo, mas...
- Aquela questão de geometria, eu já vi que não ia resolver porque percebi que precisa conhecer alguma propriedade dos triângulos.
- Eu comecei uma questão escrevendo assim: “Vou brincar para encontrar o caminho das flores!”
- Agora eu sei o que é uma seviana. Já tinha estudado bissetriz, mediatriz e mediana, mas seviana é novidade.
- Eu nunca vou esquecer que o produto de dois números é igual ao produto do m.d.c. pelo m.m.c. desses números.
E agora, sobre a minha mesa está o livro “Temas e problemas elementares” que me convida para um conversa prolongada e profunda. Não sei quando poderei dar atenção a ele porque a realidade do dia a dia me chama!
O que tem Alemanha a ver com isso tudo? Será que preciso dizer mesmo? Não, é uma resposta lógica!
Enfim, queremos agradecer a Secretaria de Educação de Cocal do Sul por nos ter dado a chance de evoluir um pouco mais, por nos ajudar a abrir nossas mentes para novas possibilidades e por nos incentivar a melhorar nossa prática pedagógica. Sabemos que apenas com nossa boa vontade não estaríamos fazendo mais um curso.



Nenhum comentário: