Este texto faz parte da avaliação
que preenchi no formulário de presença da Secretaria Municipal de Educação de
Criciúma, referente à palestra de Cipriano Luckesi.
Eu não perguntei nada porque este
assunto gera em mim uma espécie de revolta, cansei de discursos lindos. Todas
estas coisas lindas que ele diz na prática não funcionam. Temos uma avaliação
que os alunos nem podem saber algumas coisas, do tipo: a média na verdade é
cinco, tem que reprovar em duas disciplinas no mínimo (algumas redes é em
três), tem que passar porque teve pandemia (não importa se não fez nada), agora
tivemos a reclassificação (me sinto afrontada enquanto profissional porque
sabemos que os alunos que foram reprovados no passado passaram por um Conselho
de Classe que fez de tudo para não reprovar e para não se incomodar com o
Ministério Público e com o sistema). Na escola nosso assunto principal e
avaliação, mas no sentindo de estarmos amparados caso os pais ou o sistema nos
cobrem se fizemos as famosas recuperações de conteúdos e de notas. Enfim,
passamos a avaliar com objetivo em obter a nota que o sistema quer porque assim
escondemos nossos fracassos e não temos que responder por eles sozinhos.
A professora que perguntou, “como
aprovar um aluno que está no 4º ano e não foi alfabetizada?”, ouviu o que como
resposta? Ele enfeitou pra dizer indiretamente que faltou mediação, faltou conhecimento
do ato de avaliar e de entender que a avaliação é nossa parceira, faltou “deixar
que o coleguinha ensinasse em 10 minutos com um exercício milagroso”, que o
professor reorientasse, acompanhasse....
Dos 467 professores que
acompanham a palestra, pouquíssimos perguntaram algo (pelo que percebi não
passou de 5). O que está acontecendo com a nosso desejo de expressar, questionar,
opinar, contribuir?
Quero finalizar que há mais de 20
anos fui numa palestra do Luckesi em Concórdia. Lá eu não aceitei bem uma fala
dele que hoje concordo plenamente. Foi algo assim: Para que um aluno precisa resolver
uma expressão numérica gigante sem estar contextualizada? E, na época, eu
resisti a isso. Não estou resistindo ao que ele disse hoje. Estou cansada de a
avaliação receber tanta atenção do jeito errado.
E também preciso deixar claro em minha
vida pessoal e profissional, avalio o tempo todo porque isso me faz crescer.
Avaliar meus alunos é automático, não tenho superpoderes para perceber tudo
dentro do tempo que tenho, mas o que percebo redireciona minhas ações o tempo
todo. O que não gosto é avaliar para dar a nota que o sistema quer!
OBS: Eu jurei que ia ficar calada
e não polemizar nesta reunião, mas pediram para escrever... Pode ser que um dia
eu me arrependa do que sinto e penso agora. Mais tarde vou avaliar o que
registrei aqui....
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