quarta-feira, 28 de julho de 2021

Para não perder minhas palavras, postei aqui...

 

LINK DA PALESTRA, AQUI

Este texto faz parte da avaliação que preenchi no formulário de presença da Secretaria Municipal de Educação de Criciúma, referente à palestra de Cipriano Luckesi.

Eu não perguntei nada porque este assunto gera em mim uma espécie de revolta, cansei de discursos lindos. Todas estas coisas lindas que ele diz na prática não funcionam. Temos uma avaliação que os alunos nem podem saber algumas coisas, do tipo: a média na verdade é cinco, tem que reprovar em duas disciplinas no mínimo (algumas redes é em três), tem que passar porque teve pandemia (não importa se não fez nada), agora tivemos a reclassificação (me sinto afrontada enquanto profissional porque sabemos que os alunos que foram reprovados no passado passaram por um Conselho de Classe que fez de tudo para não reprovar e para não se incomodar com o Ministério Público e com o sistema). Na escola nosso assunto principal e avaliação, mas no sentindo de estarmos amparados caso os pais ou o sistema nos cobrem se fizemos as famosas recuperações de conteúdos e de notas. Enfim, passamos a avaliar com objetivo em obter a nota que o sistema quer porque assim escondemos nossos fracassos e não temos que responder por eles sozinhos.

A professora que perguntou, “como aprovar um aluno que está no 4º ano e não foi alfabetizada?”, ouviu o que como resposta? Ele enfeitou pra dizer indiretamente que faltou mediação, faltou conhecimento do ato de avaliar e de entender que a avaliação é nossa parceira, faltou “deixar que o coleguinha ensinasse em 10 minutos com um exercício milagroso”, que o professor reorientasse, acompanhasse....

Dos 467 professores que acompanham a palestra, pouquíssimos perguntaram algo (pelo que percebi não passou de 5). O que está acontecendo com a nosso desejo de expressar, questionar, opinar, contribuir?

Quero finalizar que há mais de 20 anos fui numa palestra do Luckesi em Concórdia. Lá eu não aceitei bem uma fala dele que hoje concordo plenamente. Foi algo assim: Para que um aluno precisa resolver uma expressão numérica gigante sem estar contextualizada? E, na época, eu resisti a isso. Não estou resistindo ao que ele disse hoje. Estou cansada de a avaliação receber tanta atenção do jeito errado.

E também preciso deixar claro em minha vida pessoal e profissional, avalio o tempo todo porque isso me faz crescer. Avaliar meus alunos é automático, não tenho superpoderes para perceber tudo dentro do tempo que tenho, mas o que percebo redireciona minhas ações o tempo todo. O que não gosto é avaliar para dar a nota que o sistema quer!

OBS: Eu jurei que ia ficar calada e não polemizar nesta reunião, mas pediram para escrever... Pode ser que um dia eu me arrependa do que sinto e penso agora. Mais tarde vou avaliar o que registrei aqui....


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